Comportamento da Baleia Jubarte é tema de pesquisa na UFRN
Fotos: Renata Sousa-Lima
Boletim Especial da UFRN – Ano VI – Número 8 – Natal/RN, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016 Meio Ambiente
Estudo foi realizado no sítio reprodutivo das baleias Jubarte localizado no Banco dos Abrolhos, na Bahia, durante a temporada reprodutiva de 2005
Por Marcos Neruber O comportamento de machos cantores de Baleia Jubarte é o tema da dissertação da mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicobiologia, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Laura Kyoko Honda. A pesquisa intitulada “Ecologia do Movimento de Machos Cantores de Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae) no Sítio Reprodutivo de Abrolhos – BA” também buscou entender como os machos de Baleia Jubarte se relacionam entre si e como se comportam frente às embarcações, muito frequentes naquela região. Os estudos sobre movimentação podem fornecer diversos tipos de informações sobre a ecologia de diferentes grupos animais como aves, mamíferos e, até mesmo, invertebrados como moluscos. “Podemos buscar entender como eles utilizam seu habitat e até dar dicas de como eles se comportam, principalmente em locais onde não conseguimos enxergá-los diretamente, como no caso das baleias jubarte”, relata a pesquisadora. A coleta dos dados foi feita utilizando-se conjuntos de cinco gravadores de som autônomos desenvolvidos pelo Programa de Pesquisas em Bioacústica da Universidade de Cornell – EUA. O estudo foi realizado no sítio reprodutivo das baleias Jubarte no oceano Pacífico Sul Ocidental localizado no Banco dos Abrolhos, na Bahia, durante a temporada reprodutiva de 2005. As trajetórias dos machos cantores de Jubarte foram feitas através da detecção dos seus sons, por meio da inspeção dos espectrogramas, (um tipo de representação visual do som) das gravações. As posições dos cantores foram estimadas através da localização de cada som identificado com boa qualidade, em pelo menos três dos cinco gravadores de áudio disponíveis. Da mesma forma foi realizada a detecção das embarcações. As trajetórias foram classificadas em categorias de abundância de cantores: baixa = até dois cantores e alta = a partir de três cantores; e de presença de barco: presença e ausência. Posteriormente foram feitos testes para diferenciar tipos de movimento e associá-los aos comportamentos dos animais. “Através da análise estatística que utiliza a máxima verossimilhança, construímos modelos matemáticos para entender o que mais afeta os padrões de movimentação das baleias, outros machos ou barcos. Com esses modelos também tentamos visualizar quando e por que os animais mudam de um comportamento para outro”, destaca Laura.
Estudo também buscou entender como machos de Baleia Jubarte se relacionam entre si e como se comportam frente às embarcações
Resultados De acordo com Laura Honda, foram identificados dois tipos diferentes de comportamento das baleias: um em que os machos cantam, provavelmente, procurando uma fêmea e outro quando dois machos se aproximam um do outro pra competir por uma fêmea ou ainda formar grupos para atraí-las. Os resultados, demonstram como os estudos de movimento podem ser mais diretamente associados ao comportamento dos animais e, também, mostram como bancos de dados de som são importantes para responder diferentes tipos de perguntas. “Este trabalho abriu portas para outros estudos nos quais procuramos identificar o impacto de ruídos de barcos em outras escalas e como fatores ambientais, também influenciam o movimento das baleias”, avalia. A pesquisa é fruto da defesa de mestrado de Laura Honda e contou com a orientação da professora do Centro de Biociências da UFRN, Renata S. Sousa-Lima e coorientação do professor Milton Cezar Ribeiro, da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
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